3 de abr. de 2010

Postagem por George Felipe de Lima Dantas e Carlos Eugênio Timo Brito
em 03 de abril de 2010


Fonte da imagem: http://yalemedicine.yale.edu/ym_au05/resources/photos/j_post.jpg

LEITURA RECOMENDADA

Dados de Referência da Obra Recomendada

Post, J. M. "El Fenomeno Chávez": Hugo Chávez of Venezuela, Modern Day Bolivar. "Counterproliferation Papers 39, USAF Counterproliferation Center, Air Force University, Maxwell AFB, AL, (2007).

Autor: Jerrold M. Post

Título: "El Fenomeno Chávez": Hugo Chávez of Venezuela, Modern Day Bolivar. (“O Fenômeno Chávez”: Hugo Chávez da Venezuela, Bolivar dos Dias Modernos).

Publicadora: Air Force University (Universidade de Força Aérea) -- USAF Counterproliferation Center (Centro de Contraproliferação da USAF) -- Counterproliferation Papers 39 (Documentos de Contraproliferação 39).

Dados sobre o Autor

O autor da obra cuja leitura é aqui recomendada é o médico psiquiatra Jerrold M. Post, “Professor de Psiquiatria, Psicologia Política e Questões Internacionais” da “Escola Elliot de Assuntos Internacionais” da “The George Washington University”, Washington, D.C., Estados Unidos da América (EUA).

Jerrold trabalhou por mais de duas décadas para o governo federal dos EUA, tendo fundado e dirigido o “Centro para Análise de Personalidade e Comportamento Político.” É graduado e mestre pela “Yale University”, de New Haven, Connecticut; especialista em psiquiatria pela “Medical School of the Harvard University”, de Cambridge, Massachusetts e; especialista em psiquiatria pelo “National Institute of Mental Health” (Instituto Nacional de Saúde Mental) do governo federal dos EUA, de Bethesda, Maryland. Sua especialização em “Estudos Internacionais” foi realizada na “Johns Hopkins University”, de Baltimore, Maryland, EUA.

O Professor Post já prestou testemunhos técnicos no Congresso dos EUA sobre diversas personalidades políticas do mundo. Também é conhecido no meio jornalístico, tanto norte-americano quanto internacional (na CNN, por exemplo), por ocasião de entrevistas concedidas quando de crises internacionais envolvendo personalidades e respectivos comportamentos de operadores políticos do mundo (incluindo Bill Clinton e Saddam Hussein). Possui várias obras publicadas sobre diferentes temas da psicologia política. Em uma delas, curiosamente para os leitores brasileiros, refere a doença de Tancredo Neves – When Ilness Strikes the Leader (Quando a Doença Ataca o Líder).

Não consta que as obras de Jerrold Post já estejam traduzidas para o português. Entre elas estão os seguintes títulos que vão aqui traduzidos (tradução livre) pelos autores da postagem: (i) O Dilema do Rei Cativo; (ii) Paranóia Política: a Psicopolítica do Ódio; (iii) Conheça o Inimigo: Perfis de Lideres Adversários e de Suas Políticas Estratégicas; (iv) A Avaliação Psicológica de Lideres Políticos; (v) Lideres e seus Seguidores em um Mundo Perigoso: A Psicologia do Comportamento Político.

Post foi docente de George Felipe de Lima Dantas, um dos autores da postagem, na década de 1990, quando da realização de estudos doutorais por Dantas na “The George Washington University”, de Washington, D.C., EUA. Post remeteu para Dantas e Brito uma cópia eletrônica “FYI”, da obra aqui referida, anexando-a em arquivo eletrônico a uma mensagem (e-mail) datada de 1º de abril de 2010.

Dados sobre a Instituição Publicadora da Obra

O trabalho de Jerrold Post sobre o atual presidente da Venezuela, Hugo Chávez, foi publicado pela Universidade da Força Aérea dos Estados Unidos da América, situada na Base da Força Aérea dos EUA em Maxwell, Alabama. A publicação consta entre os “Documentos de Contrapoliferação”, parte da série “Guerras Futuras” do “Centro de Contraproliferação” da Universidade da Força Aérea situada na Base da Força Aérea de Maxwell, Maxwell, Alabama, EUA.

O conjunto de “Documentos de Contrapoliferação” da série “Guerras Futuras” do “Centro de Contraproliferação” tem como propósito prover informação e análise em prol do entendimento e melhor preparação para conter ameaças estratégicas aos EUA por armas de destruição em massa. A potencial clientela desses documentos é constituída por elaboradores de políticas públicas de segurança nacional dos EUA e oficiais da Força Aérea daquele país (USAF).

Comentário (segundo tradução com adaptações culturais, supressões, acréscimos e adições) de "El Fenomeno Chávez": Hugo Chávez of Venezuela, Modern Day Bolivar" – de autoria de Jerrold Post.

Post começa por descrever Chávez como alguém carismático e controvertido. Aponta que o presidente venezuelano, desde sua eleição em 1998, cultiva cuidadosamente a imagem pública de alguém pobre, mas que logrou chegar ao topo da carreira política como chefe do poder executivo federal do seu país. Post parece sugerir ser essa a razão da devoção e lealdade de seguidores de Chávez, mormente venezuelanos das classes socioeconômicas menos favorecidas.

O autor aponta ainda a maestria do atual presidente da Venezuela em conseguir manter o poder, ainda que em meio a diferentes crises, ao mesmo tempo em que sustenta uma posição adversa e decidida contra os poderosos, aí incluídos os EUA e as elites nacionais venezuelanas. Post observa também a precariedade que envolve tal postura e respectivo manejo político, vis-à-vis a atitude adversa mantida por Chávez em relação a atores locais e estrangeiros que personificam elementos essenciais para a própria sobrevivência econômica da Venezuela.

Ainda no mesmo resumo executivo da obra de Jerrold Post, o autor refere que a retórica ofensiva e de confrontação, típica de Chávez, tem seu tom aumentado em tempos de crise e instabilidade política, com Post sugerindo que um Chávez tonitruante possa induzir ainda maior apoio e união, em tempos difíceis, da parte de seus seguidores. Post aponta a identificação buscada pelo presidente venezuelano com um “Simon Bolivar da modernidade”. E é nesse clima de apelo ao espírito coletivo de culto a um “arquétipo de herói nacional histórico”, prevalente entre os despossuídos, que o autor do trabalho conjectura que tenha sido possível a sobrevivência política de Chávez até agora. Tal sobrevivência acontece ainda que em meio a um lento declínio da economia do país, dissenso político interno e até mesmo uma tentativa de golpe de estado em 2002, afirma Post.

O autor comenta que o referendo venezuelano de 15 de agosto de 2004, com cerca de quase 60% dos votantes apoiando a permanência de Chávez no poder até o final do mandato em 2007, só fez reassegurá-lo de poder manter sua belicosa postura comportamental política. Jerrold Post afirma literalmente, acerca do presidente venezuelano: “Para esse narcisista consumado, essa vitória faria esperar inflar ainda mais seu já inflado ego.” Em decorrência, segue elaborando o psicólogo político, o usual tom de bravata de Chávez se faria sentir mais ainda, pouco tempo depois, em 11 de outubro de 2004, com o anúncio feito ele de que a taxa de royalties paga por empresas estrangeiras sobre receitas com a exploração do petróleo do país seria incrementada de um para 16%. Nas palavras de Chávez: “Não vamos continuar dando nosso petróleo.” Há que ter em conta, informação adicionada na presente síntese, de que o petróleo é a maior riqueza da Venezuela, correspondendo a 90% das exportações do país, 50% da arrecadação fiscal e 30% do PIB.

Nas mesmas linhas o psiquiatra e cientista político observa que o incremento da sensação de poder fez com que Chávez sentisse cada vez mais a sensação de “salvador da pátria” (um “bravateiro” em brasileiríssimo jargão...). Isso implica, segundo Post, que o atual presidente venezuelano faça qualquer coisa que imagine necessária, tanto para manter seu poder quanto o lugar que imagina merecer na história do seu país.

Post sugere também que o sucesso de Chávez nas urnas tenha feito com que ele buscasse ainda mais e maiores alianças com adversários dos EUA, entre os quais o Iran, a Síria, a Coréia do Norte e o Hamas. Este último enquanto organização fundamentalista islâmica palestina, adversa politicamente a Israel e aos EUA. Tais referências internacionais feitas por Jerrold Post permitem que o psiquiatra e cientista político afirme que os comportamentos messiânicos de onipotência de Chávez não se restrinjam aos limites político-territoriais da Venezuela, mas também alcancem o exterior. Este seria o caso das FARC colombianas em nível regional, além dos países já citados. O autor cita também que a “al Qaeda” possa estar entre outros possíveis aliados do líder venezuelano, ainda que seja uma possibilidade não confirmada.

Em uma referência das mais dramáticas ao comportamento belicoso de Chávez, Jerrold Post cita que o presidente da Venezuela revisou sua doutrina de defesa, posicionando os EUA como maior inimigo do país. Refere também indicações de que a Venezuela, sob Chávez, estaria propensa a desenvolver armas nucleares, supostamente enquanto direito soberano do seu país.

Post afirma, com sua competência em questões comportamentais, que Hugo Chávez já teria mostrado uma tendência a perder a razoabilidade e autocrítica quanto de situações em que ele está em evidência diante de grandes platéias do mundo. Teria sido esse o caso por ocasião da sua fala na Assembléia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), quando ele mesmo, por sua tonitruância e bravado, teria frustrado suas próprias pretensões de advogar um assento para a Venezuela no Conselho de Segurança da ONU em nome da América Latina. Jerrold Post também observa que a atitude arrogante, presunçosa e insolente do líder venezuelano ficou ainda mais patente após sua nova vitória eleitoral em 2006. Segundo Post, “Ele já está atuando como se tivesse suplantado Fidel Castro, seu mentor e modelo, como líder do Terceiro Mundo, comportamento que vai ser ainda mais intensificado quando Castro finalmente saia de cena”. Post acredita que Chávez irá tentar manter o poder a todo custo, mesmo que isso implique em algo como uma mudança constitucional que assim o permita.

Em outra comparação entre Chávez e Castro, o Professor Post refere o mote “Socialismo ou morte”, dito pelo primeiro ao assumir a presidência da república na Venezuela e pelo líder cubano quando do colapso da União Soviética. Na mesma ocasião, Hugo Chávez anunciou planos de nacionalização dos serviços de fornecimento de eletricidade, telefonia e de exploração de petróleo. Jerrold Post encerra o texto do resumo executivo da sua obra escrevendo que, “A despeito do tumulto financeiro que resulte, e da existência de uma categoria de gestores nacionais corruptos e ineficientes, tudo leva a crer que Chávez irá seguir, em velocidade cada vez maior, os passos de seu modelo Fidel Castro, na medida em que busque consolidar seu papel auto-assumido de sucessor de Fidel.


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