4 de jan. de 2010

Nova Ferramenta para Centros de Fusão da Informação: EUA - eGuardian




por George Felipe de Lima Dantas
Em 08 de outubro de 2008

Uma nova cultura de Inteligência de Segurança Pública (ISP) segue em desenvolvimento nos Estados Unidos da América (EUA). Ela abarca "novas práticas" (doutrinas) hoje em exercício nas mais de 18 mil instituições policiais daquele país e sendo consolidadas em meio àquela comunidade técnico-profissional e do seu componente acadêmico homologo, a grande área de ensino e pesquisa de nível superior chamada "justiça criminal".

A filosofia de gestão da segurança pública norte-americana, no que tange a atividade de Inteligência, bem como de outras comunidades correspondentes, a britânica e a brasileira inclusive, estão sendo repensadas e reestruturadas. Isso é resultante, de alguma forma, dos efeitos da tragédia de 11 de setembro de 2001. As operações policiais e de salvamento e resgate havidas em Nova Iorque naquela data, principalmente no local do desastre produzido pelo atentado, são recorrentemente criticadas por questões relativas a definciências em termos de integração e interoperabilidade das telecomunicações e telemática. Mais que tudo, são hoje também apontadas falhas na detecção de sinais indicativos da ocorrência do próprio atentado. Talvez, por isso, um dos valores centrais de uma nova filosofia e correspondente cultura de segurança pública esteja hoje materializado na ISP, principalmente na integração do conhecimento ou "fusão da informação" para utilizar o jargão da linguagem contemporânea.

Valores, cultura técnico-profissional e correspondente lastragem acadêmica na área de justiça criminal, tudo isso deságua nos dias atuais em técnicas modernas e novas tecnologias correspondentes. Emblematicamente, uma nova tecnologia de "fusão da informação" foi anunciada na mídia dos EUA no mês de setembro de 2008. Trata-se do sistema eGuardian, desenvolvido pelo Bureau Federal de Investigação dos EUA (Federal Bureau of Investigation – FBI). A matéria vai constando da edição de 19 de setembro de 2008 do Right Side News, sob o título de "Nova Tecnologia do FBI: eguardian" (New FBI Technology: eGuardian).

O novo sistema, segundo a fonte citada, "irá tornar possível compartilhar e acompanhar, entre as polícias locais, estaduais, tribais e federais, quase que simultaneamente, informações sobre terrorismo e atividades suspeitas."

O sistema hoje em uso para produção de conhecimento sobre o tema - Guardian - utiliza como matéria prima básica os relatórios de atividades suspeitas, potenciais ataques terroristas e mesmo ataques terroristas já consumados, material acumulado pelos escritórios locais do FBI nos EUA e no exterior. Depois de reunido, ele é submetido para análise central no FBI e posteriormente, se for o caso, enviado a uma das 106 "Forças-Tarefas Conjuntas Anti-Terrorismo" para o desencadeamento das ações tático-operacionais correspondentes.

A nova tecnologia agrega ao antigo sistema de processamento (Guardian) a capacidade de disponibilizar suas informações para todas as instituições policiais do país, em portal seguro da rede mundial de computadores – o Law Enforcement Online – LEO. Nele as milhares de polícias norte-americanas podem consultar e agregar valor ao que já consta no sistema. O conhecimento resultante é submetido automaticamente ao crivo analítico de um centro de fusão estadual, o qual poderá decidir por validar a questão específica de segurança levantada. Em caso positivo de confirmação/validação, referirá o material informativo para a "Força-Tarefa Conjunta Anti-Terrorismo" que corresponder. Conforme noticiado pela mídia, o novo sistema está em fase de testagem piloto.

A matéria do Right Side News também refere que o novo sistema, em termos de modelagem básica de técnicas modernas de produção de conhecimento, agregará a a capacidade de realização automatizada de análise de vínculos (já realizada no Brasil com aplicativos i-2). Outra característica da modernidade da ISP que será incorporada a essa nova ferramenta é a de mapeamento por Sistemas de Informação Geográfica (Geographic Information Systems – GIS). O ambiente informacional em que ele estará baseado também comportará a possibilidade de troca de mensagens e chat, prática já usual porquanto necessária em ambientes do gênero.

É interessante refletir no Brasil sobre as novidades norte-americanas do eGuardian, como também sobre o tema em geral e em suas "novidades não mais tão novas", caso do Guardian, já estabelecido nos EUA desde a primeira metade da década de 2000. A esse respeito, a segurança pública brasileira vem dando seus próprios passos, como os da criação da Rede Infoseg e da Rede Nacional de Inteligência de Segurança Pública e sistemsa como o "Cérebro" e o de gestão operacional Mi-2. A determinação no país de questões "translocalizadas" (inclusive "transnacionais") de segurança pública, como as relativas ao narcotráfico, pedofilia, tráfico de seres humanos e corrupção, juntamente com a própria ameaça permanente do terrorismo em sua articulação e expressão hoje em nível global, sugere que as notícias chegadas dos EUA corroborem e enfatizem uma real necessidade de produção e integração de conhecimentos de Inteligência de Segurança Pública (ISP), não só pelo Brasil, como por toda e qualquer nação moderna. Integrar o conhecimento, tanto em nível local quanto maior, parece hoje condicionar a própria existência dele como tal.

A futura realização da Copa de 2014 no Brasil, bem como dos Jogos Olímpicos de 2016 no Rio de Janeiro são eventos cujo planejamento e respectiva segurança fazem com que os centros de fusão e de integração da informação sejam imperativos da moderna ISP do país.


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