13 de dez. de 2010

Alguns Meios de Prover Segurança: Alarmes, Vigilantes, Cães, Câmeras e Novas Tecnologias



por George Felipe de Lima Dantas
em 13 de dezembro de 2010

Data do artigo original -- 30 de setembro de 2008

Alguns equipamentos de segurança: alarmes, vigilantes, cães, câmeras e novas tecnologias

Alarme é o nome dado a um tipo de equipamento de segurança que serve para avisar sobre uma ocorrência, natural ou intencional. Ele consiste essencialmente de um "sensor" e de um mecanismo de "aviso" do que foi captado pelo sensor. Existem sensores de várias espécies, incluindo sensores térmicos, de fumaça, de rádio freqüência, magnéticos, acústicos e óticos. O aviso, tradicionalmente, pode ser um som forte e intermitente ou um sinal visual. O perigo decorrente da ocorrência captada pode resultar de acidente ou ação deliberada. Entre os perigos acidentais mais comuns está o fogo, causando destruição material, pânico, lesões e mortes. Deles podem resultar acidentes, sinistros ou desastres. Já no tocante a ocorrências intencionais para as quais existem alarmes, é de citar os furtos de residências, furtos de mercadorias expostas no comércio e furtos de veículos. Existe uma grande variedade de alarmes e respectivos fabricantes.

Os alarmes podem substituir, de alguma forma, a ação humana "de vigilância". Ou seja, um alarme é uma maneira "artificial" de avisar sobre um perigo, sem a participação de um "agente humano" especialmente voltado para tanto. Vigias de casas, seguranças de lojas e "flanelinhas" podem ser considerados, todos eles, genericamente, "agentes da vigilância humana, podendo ser eventualmente substituídos por alarmes. Exemplos disso incluem alarmes de portões eletrônicos de entradas de residências, dispositivos magnéticos em peças de vestuário expostas para venda e dispositivos eletrônicos de trancamento de veículos. Evidentemente que apenas alarmes não podem dar "pronta resposta" ao estimulo externo adverso que motivou seu acionamento -- a utilização de alarmes pressupõe intervenções humanas em seguida ao aviso. Várias empresas de segurança possuem encarregados da "pronta resposta", sempre que um de seus sistemas de alarme é "disparado". Ou seja, ao final, sempre deverá existir alguém, humano, para administrar a segurança, mesmo após ser dado um alarme por algo artificial ou mesmo um "robô".

Tanto a vigilância humana quanto a "vigilância tecnológica" possuem vulnerabilidades e "pontos fortes", fatores que são parte do "processo decisório" no momento da escolha entre um e outro tipo de meio de prover segurança. O custo é um fator sempre levado em conta, mas outras variáveis podem ser ainda mais decisivas. Entre elas estão o valor do que se quer proteger (o dinheiro de uma agência bancária?), o quanto o bem está acessível (o "som" de um veículo estacionado?), o nível de dificuldade para remoção do bem (um pequeno telefone celular?) como também a visibilidade do que se quer proteger (jóias em uma vitrine?). Isso, considerando apenas o patrimônio ou coisas...

Os critérios passam a ser outros, se o que estiver em jogo for a vida, a liberdade ou a integridade física individual. – Qual é o valor dessas entidades? - Diante disso, já existem até indivíduos que são monitorados fisicamente durante as 24 horas por dia, com alarmes remotos acionados em uma "central de monitoramente", com essas pessoas "vigiadas remotamente" tendo em seus corpos sensores eletrônicos ("chips") localizáveis "via satélite". Mas também existem pessoas que utilizam "guarda-costas", espécie de "vigilantes pessoais", prontos a ver, constatar e reagir contra perigos incidindo sobre aqueles que lhes cabe "guardar as costas".

Uma das vantagens da utilização da vigilância humana é o fato de que ela própria possa "dar resposta", imediatamente, após "sentir e detectar" algum perigo. É o caso de um "vigilante de banco" acionando a polícia e assumindo uma postura defensiva ao identificar alguém que se prepara para cometer um assalto no interior de uma agência bancária. Já um alarme tem como vantagem a sua impessoalidade, enquanto máquina, portanto não sujeita aos efeitos da corrupção. Mas se uma restrição importante da vigilância humana é a sua potencial "corruptibilidade moral", já a dos equipamentos é a sua "corruptibilidade material" ou dependência de um correto funcionamento e de fontes elétricas (corrente pública e bateria para o caso da falta ou corte intencional da primeira fonte).

Uma derivação bastante antiga e comum da busca de solução para os dois tipos de problemas de segurança citados (eventual falta de confiabilidade humana e permanente dependência de bom funcionamento e de fontes de energia elétrica) é a utilização de "cães de guarda". Eles são intrinsecamente fieis e confiáveis, dependendo apenas de alimento, água e algum treinamento para que sejam efetivos. A visão e o olfato são os "sensores" dos cães de guarda, enquanto o "alarme canino" é o latido. Já a "capacidade de reação", quase sempre imediata, é atacar e morder, com o cão usualmente só podendo ser neutralizado por morte.

Outra modalidade de sistema de segurança, muito em voga nos dias atuais, são as "cercas elétricas". Além de "avisarem" (com o disparo de um alarme sonoro) que foram tocadas por um invasor, elas produzem descarga elétrica naquilo que as tocou. Ou seja, fazem a função de "alarme perimetral", ao mesmo tempo em que "reagem" contra algo ou alguém. Um dos fatores contraditórios desses equipamentos é seu caráter ostensivo: podem afastar pelo que mostram de aversivo (potencial choque) ou atrair e induzir indiretamente alguém a querer superá-los, diante do potencial valor daquilo que sugerem estar protegendo. Ou seja, como todos os outros equipamentos, não proporcionam proteção absoluta, apenas relativa.

Na Era da Informação, a cada dia surgem novas tecnologias para aplicações gerais. Na área da identificação humana (hoje também chamada de biometria) acontece o mesmo. Se ontem a maneira de identificar seres humanos consistia basicamente em comparar (com o sentido da visão) alguém com suas próprias fotografias (cédula de identidade ou documento similar) e impressões papilares (digitais) previamente impressas em papel, hoje é possível utilizar equipamentos computacionais que identificam e/ou reconhecem, automaticamente (com a utilização de câmeras ou escâneres), faces, mãos, dedos e até mesmo vasos sangüíneos do fundo do olho. Entre as mais recentes aplicações do gênero estão as de reconhecimento da voz e do tipo de pressão e ritmo com que as teclas de um computador são acionadas por alguém.

Todas essas variações anatômicas (dedos e vasos sanguíneos) e fisiológicas (voz e impressão de teclas) passaram a poder ser utilizadas em equipamentos de segurança, por intermédio de sensores óticos ("vigilantes automatizados"), após o que, igual que em sistemas tradicionais, serão produzidos alarmes sonoros e/ou visuais. A combinação de sensores óticos dinâmicos (câmeras) e poder de gravação de imagens com um conseqüente potencial de produção de provas, deu origem a mais um tipo de sistema -- o Circuito Fechado de Televisão (CFTV).

Um CFTV é um equipamento de segurança bastante utilizado na contemporaneidade. Ele permite combinar interativa e dinamicamente milhares de câmeras sensoras de imagens em movimento e que, entre outras possibilidades, podem identificar ou reconhecer e depois gravar imagens de pessoas. Tais imagens podem servir depois de prova para determinação de materialidade e autoria de crimes. Eles são cada vez mais utilizados para vigilância eletrônica ambiental em áreas sensíveis como bancos, aeroportos, instalações militares, fronteiras, e mais recentemente ainda, em ambientes urbanos, em prol da segurança pública. Os ingleses foram os precursores da utilização de CFTV em massa, a começar da década de 1970. Naquele país, tais sistemas cobrem a maioria das cidades e centros urbanos, sendo estimado que lá existam mais de quatro milhões de peças desse tipo de equipamento.

Os CFTV de Londres foram decisivos na produção de provas de que o brasileiro Jean Charles de Menezes, um inocente, fora morto equivocadamente pela Polícia Metropolitana de Londres em uma estação de metrô (Stockwell, 22 de julho de 2005), no dia seguinte ao atentado terrorista ao metrô de Londres.

Tudo isso considerado, a conclusão é de que não é possível ter segurança enquanto "bem absoluto". A sabedoria universal índica que "o preço da segurança é a eterna vigilância". Ou seja, é preciso permanecer, o tempo todo, todo tempo, vigiando de todas as diferentes maneiras possíveis, com todas as tecnologias disponíveis, para que se possa estar "relativamente seguro". Na impossibilidade disso, é necessário fazer escolhas baseadas em probabilidades de risco e na relação entre custo e benefício. Referindo um velho bordão do Brasil rural: "cada qual com seu cada qual".

Um comentário:

Renato disse...

Olá!
Agradeço a publicação de seus textos.
Acredito que grande parte dos casos de sinistro poderiam ser evitados por atitudes mais seguras das pessoas. Ando pela cidade e vejo as pessoas tendo atitudes que tornam o roubo muito fácil para o meliante.
Penso que a divulgação de técnicas simples de segurança poderiam diminuir a incidência de casos desagradáveis de roubo e furto.
Boa semana
Renato * Estudante de Gestão em Segurança Privada.